sexta-feira, 31 de outubro de 2008

SEJA FEITA A BIENAL DA NOSSA VONTADE

Leio no site do ESTADAO que picharam uma parte do prédio da Bienal de São Paulo. Vi, pelos telejornais, uma guria sendo presa enquanto gritava que é uma artista. Em tempos de Paulo Coelho na Academia Brasileira de Letras e Arnaldo Jabouru cronicando, até pode ser. Tudo é tudo e nada é nada, com diria o Síndico.
Cada um, por mais ou menos míope que seja, tem sua visão de mundo. A minha me leva a crer, entre outras poucas crenças, que uma cidade sempre está da maneira que gostamos que ela esteja. Por mais limpa e arrumada ou suja e bagunçada que esteja.
A invasão pichadora à BIENAL de São Paulo tem tudo a ver com a maneira pela qual os paulistanos gostam de sua cidade. A primeira vez que passei pela Marginal do Rio Tietê foi em 67, se não me engano. De lá pra cá, seu aroma característico só tem se acentuado e sua massa pseudolíquida cada vez é mais pastosa. Neste 26/10/2008, talvez a Bienal tenha começado a tomar o mesmo destino do Tietê, que já foi rio. Aliás, não faz muito tempo que o
MASP ficou fechado por falta de pagamento da energia elétrica. Assim, como desejam os paulistanos, a parede da Bienal é apenas mais um muro qualquer. Afinal, há mesmo diferença entre ela e as paredes de dos prédios devidamente decorados pela moçada do spray?
Dizem por aí que se cada um limpar sua casa e sua calçada toda a cidade será limpa. Porém, antes de iniciarmos as vassouradas, sempre projetamos a cidade que queremos.
Que Florianópolis queremos?
Com a palavra...


Ps.: por increça que parível (com diz alguém lá de Cosmo), para alguns pedagogos e secretários de educação, a frase pichada não impediria que o piloto do spray fosse promovido à série letiva subseqüente; sobre este milagre educacional, sugiro a leitura do artigo
PROGRESSÃO CONTINUADA OU PROMOÇÃO AUTOMÁTICA? , de Angélica Lourenço Pinto.

6 comentários:

Anônimo disse...

Sei não, meu amigo. Acho que vc não entendeu o gesto daquele pessoal que invadiu a Bienal e pixou as paredes. Nada a ver com o jeito que o paulistano gosta de ver sua cidade. Aquilo foi uma intervenção na Bienal do Vazio, esvaziada por razões financeiras, já há algum tempo narradas pela mídia. A frase mexe com a tal frase famosa: Abaixo a ditadura. Nada de erro. Bjs, Susanna.

Shasça disse...

Minha cumadi Susanna,
Também não devo ter entendido quando aquele cara atacou, a marteladas, a escultura "La Pietá" de Michelângelo.
O MASP ficou fechado por falta de pagamento da energia elétrica, a Bienal está esvaziada por razões financeiras, o Rio Tietê, entre outros, continua aromatizando a paisagem... Os administradores do Estado e do Município, assim como a maioria dos seus habitantes continuam os mesmos há muitos anos. É ou não, efetivamente, o estilo paulistano de gostar de Sampa, que ergue e destrói coisas?
Pode ser que não tenha atingido o meu intento, mas o texto pretende tratar deste “way of like”. Hoje, 31/10/08, deu nos telejornais que a polícia descobriu mais uma empresa faturando em cima de um grupo de bolivianos escravizados. Quem é em São Paulo que não sabe que isto ocorre aos montes?
É claro que Sampa não é única em termos de descalabros urbanísticos. E, é por isto que termino o texto com uma pergunta endereçada a todos os que o lerem. Às tais clássicas questões humanas (quem sou? de onde vim? pra onde vou?) bem que se poderia acrescentar uma de não menos importância: O QUE TENHO FEITO?
Bejotas.
{8¬)

Anônimo disse...

Vc está misturando as coisas. Qual o foco do seu comentário? O que o tal cara fez com a Pietá não se compara com o gesto dos pixadores. Mas, sobre o que mesmo era o comentário? Sampa, problemas admisntrativos ou intervenções violentas na Bienal?

Shasça disse...

A pichadora gritava: "sou uma artista! O impiedoso da Pietá gritava: sou Jesus Cristo. E a Bienal parece tomar o mesmo rumo do Tietê.
Como diz minha amiga Zarif, gosto não se discute, lamenta-se.

Anônimo disse...

Estilo paulistano de erguer e destruir coisas belas? É o estilo capitalista que fala em SP e saiba que os paulistanos, como eu, sempre se colocaram contra o estado de coisas...

Anônimo disse...

Amigo Shasça, Eu assisti ao vídeo do Metrópolis (TV Cultura) mostrando os pichadores na Bienal e fiquei em dúvida se aquilo foi realmente uma intervenção estética ou uma barbárie. Como na notícia não há mais informações e depois a mídia silenciou-se, e eu estou longe de lá, fico aqui a pensar naquele gesto violento. Pensei primeiro na questão: pichação ou arte? Não percebi "arte" nos traços, mas um gesto de rebeldia que poderia querer reivindicar um lugar lá dentro. Mas onde está o grupo agora com suas idéias artísticas e o que mais há de reivindicação nesse gesto? A coisa toda foi parar na policia e na política de segurança do prédio (muito ruim, aliás: novamente: baixo orçamento, pouco investimento... situação triste em que nossos lugares catalisadores e divulgadores de cultura se encontram, apesar de todos os esforços). Era isso, abraços!